domingo, 27 de julho de 2014

A mão pesada de Francisco.

Uma das características do populismo latino-americano foi (é) uma centralização do poder mediante apoio popular conquistado em meio às massas, o que resulta em autoritarismo. Este parece ser o caminho escolhido por Francisco: faz o que quer e não dá satisfação a ninguém. A Cúria é relegada ao esquecimento e as decisões do papa se fazem sentir contra antigos desafetos.
Repito: as ações de Francisco (que parecem dar um verniz de humildade e, com isso, ganhar destaques midiáticos e, consequentemente, aumentar sua popularidade) têm sido caminho para esta centralização. Nesta semana: almoço de bandejão com funcionários do Vaticano (Bento XVI já fez isso sem estardalhaços ou pauperismos) e uma nova entrevista do papa que ‘não gosta de dar entrevistas’ (já é a décima) ao jornal argentino Clarin, em seu suplemento “Viva” que está programada para se tornar pública em breve, talvez neste domingo (27/07). O que nos aguarda? (Fonte: National Catholic Register)

Papa Francisco conversa com trabalhadores do Vaticano em almoço em lanchonete nesta sexta-feira (25) (Foto: Osservatore Romano/Reuters)
‘Cada mergulho é um flash
Fonte: G1

O autoritarismo já se sente. Cerca de uma semana depois da chegada do Cardeal Santos Abril, enviado para investigar a diocese de Ciudad del Este, os frutos da misericórdia bergogliana já são sentidos, um seminário com cerca de duzentos seminaristas está proibido de conferir novas ordens. (Fonte: Fratres in Unum) Há um caso de acolhimento, por parte da diocese, de um padre ligado à denúncias de abusos. Isto já é pretexto para proibir novas ordenações? As religiosas norte-americanas fazem o que querem; na Venezuela, outras recoletas criam um “ministério de dança”, e nada acontece. (Fonte: Blogonicvs) Seminários modernistas esvaziando; o de linha mais tradicional, cheio, recebe uma “missão eclesial e pacificadora”. É tanto eufemismo que já não se sabe onde se encontra o “quem sou eu para julgar?”.
Fico pensando como deve estar se sentindo o cardeal Santos Abril, foi ele tomado de surpresa quando precisou celebrar (na forma ritual de Paulo VI) “Versus Deum” na capela de mons. Livieres, ele que proibira o Missa Tridentina em Santa Maria Maior?

Fonte: Blogonicvs

Por falar em liturgia, onde se encontra mons. Guido Marini? Ao que tudo indica, mons Marini se encontra na Coréia do Sul para preparar a visita pontifícia ao país. Disso resultou que, durante a visita Pastoral à Caserta não foi ele quem, como por direito e dever de primeiro cerimoniário pontifício, conduziu a celebração eucarística. O Mestre de Cerimônias foi o mons. Pier Enrico Stefanetti:


Isso só me faz cogitar uma coisa: mudanças neste campo podem ocorrer a qualquer momento. Sabemos que é comum aos papas escolherem mestres de cerimônias mais próximos dos seus estilos. João Paulo II, em pouco tempo, substitui Virgílio Noè; Bento XVI, muito acertadamente, substitui Piero Marini, e Francisco já começou a mexer na equipe de cerimoniários quando nomeou mons. Francesco Camaldo como Cônego da Basílica do Latrão (9 de agosto de 2013) e elevou mons. Konrad Krajewski ao episcopado, nomeando-o Arcebispo Titular de Benevento e Elemosineiro Apostólico (18 de setembro de 2013).

                            
  

Seria uma questão de tempo até vermos o braço forte de Francisco também no cerne da liturgia pontifícia? Constituiria uma perda muito grande para Igreja, não só de Roma, mas de todo o mundo se mons. Guido Marini fosse promovido a algum cargo para afastá-lo daquilo que ele representa (a herança de Bento XVI).



Há algo que ainda persiste em meus pensamentos: tendo a conjecturar que Francisco ainda não age com toda a sua força em certos campos por temor (se é que esta é uma palavra adequada) da ainda existência em vida do papa emérito. Caso Bento XVI venha a falecer antes de Francisco, penso que este último já não se importará em preservar o restante de suas memórias e ações.