sexta-feira, 16 de julho de 2010

O que pensa o novo chefe do Ecumenismo.

Excertos de entrevista concedida por Dom Kurt Koch à Gaudium Press:

GP – O card. Kasper, na sua última coletiva para a imprensa como presidente, ressaltou que o diálogo com as Igrejas e as Comunidades Protestantes tem perdido “seu entusiasmo”. Também o diálogo com a Igreja ortodoxa em certos pontos não é fácil. Em sua opinião, quais são as primeiras exigências?

Dom Koch, novo presidente do Conselho Pontifício para a Promoção  da Unidade dos Cristãos.

Dom Koch, novo presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos.

Nos 40 anos do ecumenismo depois do Concílio Vaticano II os nossos parceiros mudaram muito. Por exemplo, nas Igrejas Reformadas não temos mais este desejo de unidade como havia no período antes e depois do Concílio. Eu observo algumas tensões para o retorno a uma teologia liberal, não a uma teologia dogmática. É um grande desafio que não se satisfaz com a realidade de hoje. De muitos reformadores eu tenho a impressão que querem a contínua aceitação das Igrejas e a concelebração eucarística. Depois disto teremos já o fim do ecumenismo. Para mim não é assim. Porque a Igreja que nós confessamos na Confissão Apostólica: “una, santa, católica e apostólica”, não é a soma de todas as Igrejas que temos no mundo. Sobre este ponto de vista, a unidade da Igreja é uma obra do homem para construir a soma de todas as Igrejas. Para mim, unidade na fé é unidade no organismo do Corpo de Cristo. Porque quero um pouco mais no ecumenismo que alguns representantes das Igrejas Reformadas. Porque é muito necessário aprofundar também a espiritualidade do ecumenismo. Porque Jesus disse que todos devem ser unidos para que “o mundo possa crer”. E isto quer dizer que a realidade na unidade das Igrejas deve ser visível, e uma realidade invisível.

E a segunda coisa é que nesses 40 anos surgiram novas diferenças. No início do diálogo tivemos diversas diferenças na fé, nas confissões da fé. Hoje temos novas diferenças, principalmente em nível ético. Todas as perguntas da bioética, também o fenomeno da homossexualidade. Há um grande desafio em todo o ecumenismo. Vê-se o contexto dos anglicanos que estão próximos a uma divisão sobre isto.

GP – Então o que divide mais no diálogo ecumênico é a ética e não a teologia dogmática?

Sim.

[...]

GP – Estas duas visões influenciam também o comportamento na liturgia. Como deve se entender a liturgia hoje?

Tudo o que as pessoas dizem de novo depois do Concílio Vaticano II não era tema da Constituição sobre a Liturgia. Por exemplo, celebrar a eucaristia de frente aos fiéis nunca foi o tema da tradição. A tradição sempre foi celebrar em direção ao leste, porque esta é a vista da ressurreição. Na Basílica de São Pedro, se celebrava há tempos de frente para as pessoas, porque aquela direção era a direção voltada para o leste. A segunda coisa é a língua vernacular. O Concílio quis que o latim permanecesse como a língua da liturgia.

Mas todas as coisas muito profundas, fundamentais da Constituição litúrgica, não são ainda conhecidas por muitos. Por exemplo, toda a liturgia e a liturgia da Páscoa. A Páscoa do mistério, da morte e da ressurreição de Jesus Cristo. Não se pode celebrar a Páscoa sem sacrifício, e este é o tema que se coloca na teologia. Porque também a Constituição sobre a revelação não é ainda acolhida na Igreja. Temos ainda muito a fazer para apropriar o Concílio.

Visto em: Fratres in Unum

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