terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Thiberville: bispo demite padre tradicional e fiéis se enfurecem.

Thiberville, França: domingo, 3 de janeiro de 2010.

O senhor bispo, de "paramentos arco-íris", anuncia a demissão do cura tradicional de Thiberville. Foto: Dominique Bro - Le Forum Catholique

O senhor bispo, de "paramentos arco-íris", anuncia a demissão do cura de Thiberville. Foto: Dominique Bro, Forum Catholique

Hoje, todos tinham os olhos fixos sobre este caso exemplar de uma comunidade paroquial campestre local que quer aplicar as decisões do papa e cujo bispo quer dizimar.

O espetáculo excedeu tudo o que se podia imaginar: uma comunidade unânime que grita (fisicamente) sua cólera contra a sua condenação à morte pelo “pastor”, o bispo local.

Monsenhor Nourrichard, bispo de Évreux, um dos prelados mais progressistas da França, chegou nesta manhã à Thiberville às 9:30h, com seu vigário-geral, cura de Bernay, Pe. Vivien, para anunciar a demissão de um padre muito papista para o seu gosto. Ele se enfurnou na igreja e, a princípio, se escondeu na sacristia. Todos os paroquianos locais do Padre Michel estavam lá. A igreja estava abarrotada, a nave, o coro, o próprio púlpito, uma parte dos paroquianos não pôde sequer entrar. Na primeira fila estava presente o presidente da câmara municipal e o conselheiro geral com todo o conselho municipal; no coro, a confraria de caridade com suas vestes solenes.

O padre Michel então sai da sacristia para os últimos preparativos da missa do bispo: ele é acolhido por uma ovação interminável, como quando o Papa entra em São Pedro, Roma.

Em seguida, entra o bispo de Évreux. Ele está tão perturbado pelo ambiente alvoroçado que explica, por um lapso infeliz, que veio à Thiberville celebrar o “dia de todos os Santos”. Zombaria geral. Em seguida, quando quis anunciar a demissão injusta do Padre Michel, a piedosa revolta dos camponeses, semelhante às que sofreram certos padres constitucionais da Revolução, tomou uma proporção máxima (uma paroquiana foi vista lançando velas da parte superior do púlpito). De certa forma, uma “preparação litúrgica penitencial” improvisada.

Padre Michel celebra missa no rito tradicional; diz que permanece cura da região e que Roma não hesitará em confirmá-lo no cargo.

Padre Michel celebra missa no rito latino-gregoriano; diz que permanece cura da região e que Roma não hesitará em confirmá-lo no cargo. Foto: Dominique Bro, Forum Catholique

O bispo, então, continua a missa. Os pais se levantam e vão buscar as suas crianças que servem à missa. Os políticos locais se levantam e saem. O bispo, que não sabe mais onde está, interpela os fiéis, dando ciência aos que não estão de acordo a ordem de sair. O que todos fazem, exceto 21 pessoas, das quais apenas 3 são de Thiberville.

Dentro e fora da igreja, o bispo de Évreux pôde medir a cólera do Povo de Deus, cada um, os mais velhos mas não menos engajados, se aproximam dele para lhe dizer umas boas verdades [sobre o que pensam do bispo] e lhe aconselhar a rever o seu catecismo. Ao que ele opõe um despeito total a estes camponeses normandos que decididamente nada compreenderam do Concílio.

Padre Michel então anunciou que iria celebrar uma missa em Bournainville-Favrolles, às 11:15h. Os políticos e os paroquianos o seguiram em tão grande multidão que a igreja não pôde comportar a todos. Missa “reforma da reforma” voltada para Deus. O bispo furioso perseguiu sua vítima friamente, mas não pôde adentrar a nave [da igreja]. Nesse ínterim, o Padre Michel anunciava que permanecia cura do local, que uma decisão romana certamente não deixará de confirmá-lo, assim que um recurso for impetrado contra o decreto do bispo.

Último ato da peça do dia, esta noite, às 17:00, em Thiberville, onde o padre Michel celebrará, como todos os domingos, uma missa de forma extraordinária. O bispo, que não cede, anunciou que estaria lá…

Em frente, a televisão e os jornalistas locais. Também presentes os jornalistas parisienses, que não se pode taxar de tradicionalismo, estavam particularmente estupefatos e concluíam que o bispo, que teria se mostrado totalmente incapaz de gerir uma situação que ele tinha provocado, deveria logicamente se demitir.

Escrito por G. M. Ferretti

Fonte: Fratres in Unun

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